Sueli Aparecida Soares

 
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Sueli sonhava com desprendimento e vontade. E fazia planos das conquistas, focada nos seus objetivos. Foi assim no maior deles, quando retomou as rédeas da sua vida após a separação do primeiro marido. Pouco mais de uma década sem trabalhar fora, e com um menino de dez anos para criar, as circunstâncias não eram as mais favoráveis para si. Mas venceria, como em todas as outras vezes.

A propensão ao sonho era eco de uma infância de privações em Jardinópolis, interior de São Paulo. Trabalhou na roça desde muito cedo até os 17 anos, e por ser a mais velha dos oito filhos cuidou dos mais novos para ajudar a mãe. Com cerca de 18 veio para São Paulo trabalhar na casa de uma prima para tentar a vida, e com sorte ajudar a família que ficara no interior.

Fez de tudo um pouco e às vezes distraía-se aos finais de semana em um baile no bairro da Casa Verde, onde conheceu Francisco, que tocava teclado com uma banda. Namoraram e pouco tempo depois ela já estava casada. A pedido de seu marido, passou a cuidar da casa e do futuro filho, Robinson. Dedicada, amorosa e super protetora, não queria para ele a mesma infância de privações que tivera. Sempre preocupada com a mãe e os 7 irmãos, passaram a cuidar de todos como podiam com muito amor e carinho.

Pensando nisso resistiu ao impulso de retornar ao interior quando o casamento acabou. Em São Paulo as chances do garoto, então com dez anos, seriam maiores. Precisou reinventar-se ali, voltando ao serviço de vendedora, mas manteve a casa, cedida pelo ex-marido. Foi uma grande conquista para si voltar a sentir independência e capacidade de dirigir novamente a própria vida.

Anos depois envolveu-se com José, conhecido como Chacrinha. Foi muito feliz ao lado dele por 25 anos, época de sua partida. O amor entre ambos era notório, de flores dadas, noites em casa ouvindo música ou programas a dois na rua. Sueli sempre fora uma mulher romântica, fã das baladas de Roberto Carlos e de Johnny Rivers, de dançar em par.

Era detalhista e cuidadosa com a sua casa, seu lugar favorito. E perdia-se em meio às plantas do grande quintal, o olhar atento e dedicado. Tinha boa habilidade manual e chegara a pintar panos de prato e a fazer estátuas de argila para o lar, mas recentemente era às suas plantas que dedicava seu tempo. Tinha uma relação forte com a própria morada e quando visitava pessoas a vontade de retornar ao seu canto rapidamente se impunha. 

Infelizmente quando descobriu o câncer pulmonar em setembro de 2019, a doença já havia avançado consideravelmente. E após um ano e três meses tal doença foi responsável pela sua partida. Sueli se despediu ali da vida que segurou com ambas as mãos às 09h08 do dia 2 de dezembro de 2020. Estava acompanhada de seu filho, Robinson, que esteve com ela até literalmente o último suspiro literalmente, restando assim somente a saudade para seus três netos, nora, irmãos, mãe, e toda família e amigos que fez durante sua jornada.

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