Maria Creusa Sousa

 
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Maria Creusa não ganhou na loteria afinal. Aquele sonho, despertado em si ainda pequena, foi mudando durante a vida, conforme amadurecia. Na iteração mais recente construía uma vila de casas para toda a sua família com uma enorme piscina ao centro para brincar com seus 15 sobrinhos.

A ideia de casamento nunca lhe atraiu, o mesmo se passara com outras três irmãs de um total de 12. Realizou-se então no convívio com os sobrinhos, a quem dedicava o amor. Responsabilizava-se feliz pelo papel de estragá-los com brincadeiras, presentes, mimos, passeios no shopping e no McDonald 's.

Tivera ela mesma uma infância feliz em Teresina, com tempo para ser criança, para as farras e também para os estudos. Era boa em matemática e em inglês e, sempre envolvida com esporte, queria ser a melhor jogadora de vôlei.

A situação mudou quando a família veio inteira para São Paulo atrás de mais chances de futuro. Eram muitos os filhos, e ainda jovens precisaram trabalhar. Maria Creusa acompanhou algumas das irmãs como vendedora na Galeria Pajé e rapidamente aprendeu a montar bijuterias.

Descobriria ainda por lá um inesperado dom para as vendas. Migrou para empresas de ortodontia e eventualmente abriu a sua própria. Carregava em si o impulso empreendedor, a vontade de criar algo seu.

As pressões da juventude e da chegada a São Paulo a tornaram mais reservada em relação à sua vida particular. Naqueles tempos de luta não havia espaço em seu lar para abraços e beijos. Mudou com a chegada dos sobrinhos e com a reemergência do carinho em seu trato. Maria Creusa sabia ser engraçada quando queria, era dessas pessoas que com uma frase fazem o entorno inteiro rir, apesar de ser em geral séria.

Sabia brilhar também na cozinha. Feijoada, maionese, farofa, cuscuz nordestino e uma canjica muito desejada eram algumas das especialidades. A família recorda também de um cunhado que viajava do interior só para comer o bacalhau que Maria Creusa preparava. Não por acaso era a responsável pelas ceias de Natal, fazia questão.

Era muito religiosa e gostava de acompanhar o Padre Reginaldo Manzotti quando ele falava em São Paulo. Ela e as amigas da igreja organizavam-se na produção das viagens, Maria Creusa era responsável por todos os escritos. A facilidade com as palavras fez dela também compositora, era só dar um tema que ela criava a letra. A vergonha de cantar permitia que a voz afinada e a pronúncia boa em inglês brilhassem apenas no karaokê.

Há seis anos descobriu e lutou contra um câncer. Mas a chegada da pandemia de Covid-19 dificultou o tratamento e acelerou sua partida. Maria Creusa foi exemplo de vida plena de amor e de conquistas.

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