Rosilene Silva dos Santos

Para fazer uma inimizade instantânea bastava falar mal dos filhos de Rosilene. Rose, como sempre fora chamada, foi para seus meninos - José, Mário e Célio - uma mãezona, dessas capazes de sacrificar tudo pelo bem deles. Teve nesse amor o fio condutor da própria vida, seu farol a guiar os passos. E se trabalhava era para poder dar a eles tudo o que mereciam aos seus olhos.

Já os tinha perto de si quando trocou Imperatriz, no Maranhão, por São Paulo com o marido Cícero. Deixava por lá uma vida dura e uma juventude lavando roupa para os outros. No sul a esperavam consecutivos trabalhos no setor de limpeza; tudo pelas suas crianças. Foi só estabelecerem-se - ele envolvido com as obras do aeroporto de Guarulhos - e voltaram ao Nordeste para buscar os filhos.

Rose era tida como uma mulher forte e independente. Gostava de trabalhar para ter as suas coisas e prover, e conquistou mesmo todos os seus desejos, até a casa própria. Seu jeito determinado era o caminho mais curto para isso: quando traçava uma meta não era para desistir no meio.

Não teve muitos passatempos além da labuta e das idas à igreja, mas também curtiu seus momentos com os quatro netos. Era um prazer recebê-los em casa. Giovanna, única menina em duas gerações, foi seu xodó, a filha que não teve. Rose escolheu até o nome dela, e nos últimos tempos a jovem viveu consigo.

Mas por mais forte e determinada que fosse nunca superou a perda do filho José. Depois desse baque, até o jeito vaidoso ficou em segundo plano, e Rose tornou-se mais fechada. Anos depois perderia também um dos netos, Wendel.

Ela lutou contra um câncer, e quando houve melhora no tratamento teve autorização dos médicos para realizar seu último grande sonho. Sempre quis voltar ao seu Maranhão natal. Sentia-se bem na época da viagem e aproveitou muito o tempo por lá, mas precisou voltar quando começou a passar mal novamente. A pandemia de Covid-19 começava na época, meses depois Rose partiu, amada como a guerreira que foi.