Maria de Lourdes Pugliese

 
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Maria de Lourdes quando bebê balbuciava Balule quando tentava dizer o próprio nome. Determinava ali, ainda tão jovem, o apelido pelo qual seria conhecida durante toda a sua trajetória. Seus pais ainda eram casados à época - depois da separação deles, quando tinha cinco anos, a menina passou oito anos no internato do colégio Dante Alighieri, em São Paulo; viveu com uma tia, Clara; e por fim na casa do pai, Rene.

Foi grata pelas condições de vida proporcionadas por aquela família tradicional paulistana; Rene era um industrial de posses. E aproveitando a oportunidade do estudo, formou-se cirurgiã dentista pela USP, ainda uma raridade para mulheres no fim dos anos 60. Assim como seu pai, a mãe Aracy também casou-se novamente - mas a relação era um pouco mais distante, Balule a via nos domingos reservados para os encontros.

Conheceu Célio em um encontro de amigos em Cruzeiro, onde ele morava. Ficaram casados cerca de sete anos, o suficiente para terem Renato e Adriana. Balule assumiu a criação das crianças depois e foi uma mãe dedicada e atenciosa. Garantiu para ambos, assim como fora para si, as melhores escolas.

Ainda pensando nos seus pequenos mudou-se para Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, onde também vivia Nádia, uma de seus cinco irmãos. Montou um consultório na cidade e especializou-se em Ortodontia, campo inexplorado na região. Gostava de lá, um bom lugar para criar seus filhos pré-adolescentes e fazer amizades. Era muito querida por sua profissão na cidadezinha que viu crescer.

Era fácil gostar de Balule pelo seu jeito gentil, amistoso e generoso. De alguma forma essa leveza também se reproduzia na maneira como via a vida. Realizada em sua profissão, tinha a clareza de ter estudado precisamente o que queria. Trabalhou até quase 70 anos e ficou triste quando a aposentadoria enfim chegou, mas distraía-se lendo profusamente. Ou na divertida e carinhosa companhia dos netos, Lucas, Maria e João.

Voltou para São Paulo para viver com o filho Renato após um diagnóstico de câncer no pulmão. Foram cinco anos bem vividos e assistidos depois da dura notícia da doença. Partiu enfim após uma falência múltipla de órgãos, não antes de deixar para trás a vida e a família que sonhara para si.

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