Laelson Macedo Queiroz

 
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A curta trajetória de Laelson foi marcada pela constância dos seus afetos. Do gosto irredutível pelo rock e pelos videogames, passando pelo jeito obstinado e pelo humor ácido. Até o sorriso, onipresente nos momentos mais leves e também nos mais difíceis, representava essa estabilidade.

Nas brincadeiras de Ana Carolina, Laelson criara o Covid-19 apenas para adiar o casamento com ela. Pura injustiça com o jeito metódico do rapaz: ele apenas queria celebrar o enlace deles com o apartamento de ambos comprado e montado. Conseguiu a parte mais difícil - financiou o imóvel com a noiva - mas a pandemia terminou por fechar os cartórios e inviabilizar o casório e a mudança para o novo lar.

Laelson sentia com ela uma forte ligação, calçada em amizades, hábitos e gostos em comum; e na paixão pelo som de artistas como Iron Maiden, Sonata Arctica e Ozzy Osbourne. Fissurado por esse universo, aprendeu sozinho a tocar violão aos 15. Dividia esse amor também com Alexsandro, o mais velho de seus dois irmãos, assim como o fascínio por videogames.

Laelson não era mesmo de ficar parado e cresceu acostumado a buscar as próprias vitórias. Começou a trabalhar aos 19 em um almoxarifado já determinado a ir mais longe. Nove anos depois, era nomeado no Detran após passar em um concurso público, seu maior sonho. “As pessoas te julgam pelo que você tem, não pelo que você é”, pensava ele sobre o motor da própria mudança.

Dono de um humor ácido e inteligente, por vezes era mal interpretado no sarcasmo até o interlocutor entender a piada. Já suas opiniões não davam margem para segundas leituras, sempre baseadas em um forte senso de justiça. “Isso é uma coisa que nosso pai deixou para a gente”, avalia Alexsandro.

Com a vida encaminhada e grandes conquistas para se orgulhar, seu corpo inesperadamente pediu um basta. Diagnosticado com um Linfoma de Hodgkin, tratava o câncer há dois anos quando desenvolveu uma pancreatite e foi internado. No quarto, apelidado de suíte pelas enfermeiras, um videogame e um celular faziam companhia. Alguns dias antes da partida, nem isso - perdera também a vontade de jogar. Mas não se entregou. Mesmo ligado às máquinas e ao soro, Laelson sorria.

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