Edite da Silva Costa

 
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Edite foi mãe e avó para os netos, Iago e Igor, na casa onde vivia com a filha e com o genro, no terreno de sua família. Quando os pais dos meninos saíam para trabalhar, cuidava deles e dava atenção, atenciosa e sempre por perto. Ao fim da vida, a equação se inverteu e os garotos olharam por ela — com o sentimento de gratidão de quem apenas devolve algo de bom.

Quando tudo isso se passou, Edi já estava aposentada da vida de diarista. Foram anos na função, criando sozinha Dirce, filha única. Apenas o entorno não mudara desde aqueles tempos. Ainda morava no mesmo local escolhido por seus pais quando chegaram do interior da Bahia com seus 12 filhos: um grande terreno com diversas residências, todo mundo vivendo próximo.

A ordem do dia nos primeiros anos na cidade grande era se virar. Assim como Edite, outras irmãs também foram trabalhar em casa de família. Foi duro, mas melhor que a vida humilde da roça, na labuta como caseiros e plantando na terra dos outros.

Edi por vezes era difícil e bastante consciente da própria língua afiada. Mas conhecia bem o caminho da bondade e era protetora em relação aos seus. Talvez por ter perdido um filho e ter precisado dar o outro para a adoção, aprendeu a cuidar bem da menina Dirce. E depois dos netos, suprindo as eventuais ausências dela. Anos mais tarde, realizou um dos seus únicos sonhos: ver seus garotos bem e formados na universidade. Queria tê-los no rumo certo.

Nos últimos tempos passava as horas livres assistindo às missas na televisão. Quanto mais encerrada em casa, mais focada na reza. Um terço de manhã e outro à tarde, cochilos durante a liturgia televisionada. Para Iago, pedia que escrevesse cartas para o padre da vez. Nelas contava a vida em muitos detalhes, realizada em dividir.

O neto Igor a aparou após um infarto fulminante em casa. Partiu nos braços dele, uma de suas grande paixões. Missão cumprida, seu ciclo completara-se.

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