Josefa Otília Chagas
Josefa foi irmã de dez na pequena Toritama, em Pernambuco, vivendo a infância difícil da roça. Lá mesmo conheceu José Pedro, cozinheiro e futuro pai de seus 14 filhos. Se teve um grande número de crianças, como a mãe, a vida dos seus pequenos se daria longe dali e seria mais fácil que a sua.
Já contava seis rebentos quando mudaram-se todos para o Rio de Janeiro, onde os outros cinco nasceram. A família ficou anos por lá, enquanto José Pedro reinventava-se como vendedor ambulante. Josefa trabalhou como passadeira para ajudar o marido, e na mudança derradeira para São Paulo empregou-se em uma loja de tecidos.
Não sabia ler muito e nem escrever, mas entendia de batalhar pelo que queria, ser confiante e perseverante e viver honestamente. Conseguiu, à sua maneira séria, preocupada e reservada, passar esses valores aos seus.
O jeito mais sisudo e calado vinha-lhe naturalmente. Tirar algo dela era por vezes difícil, mas quando alguém conseguia as reuniões de família ficavam ainda mais divertidas com seus risos e brincadeiras. Mudou um pouco como avó de 16 netos e de sete bisnetos. Protetora, não gostava que os filhos brigassem com os pequenos na sua frente.
Josefa encontrava prazer e distração no trabalho da casa. Curiosamente, passar roupa era das suas atividades prediletas. Cozinhar era outra, carne e frango cozido e doces ao cair da tarde. Seus bolos, canjicas e cocadas brilhavam nesses momentos. Fora do lar o programa repetido algumas vezes por semana era ir para o culto ou visitar as irmãs da igreja.
Depois de um infarto não mais deixou o hospital. A esse seguiram-se outros e ela partiu depois de dois meses internada. Josefa viveu para servir, e assim foi feliz.