Eronides Ribeiro dos Santos

 
Obituario - Eronides Ribeiro dos Santos.png

Eronides foi alguém temente ao Senhor. Amado pelos amigos, pela família e pelos vizinhos, pregava a Palavra com um conhecimento profundo e uma extensa leitura de Teologia, apesar do pouco estudo formal. Era bastante procurado por quem queria aprender mais sobre a Bíblia e sobre as coisas de Deus. Mas não só para isso. 

Seu café inesquecível e a conversa boa e divertida eram um permanente convite a todos que passavam em frente à sua casa. As bananas e jacas que cresciam nos fundos da residência também encontravam destino assim, distribuídas ao seu entorno próximo.

Antes de tornar-se uma figura querida no bairro, teve uma infância rural em Sergipe, cuidando dos bois da fazenda. Sozinho em São Paulo aos 20 soube se virar como todo bom nordestino. O trabalho pesado e braçal em uma fundição foi seu único emprego formal. Aposentado por invalidez depois de ficar doente, seguiu fazendo outros bicos. Plantava, colhia e vendia legumes e por 12 anos sustentou esposa e filhas como catador de material reciclável. “Todo trabalho sendo digno é honesto”, dizia.

Cacilda surgiu em sua vida em um baile de Carnaval. Contava anos depois das dificuldades em conquistar aquela linda, porém brava, morena. Para as filhas, Ana Lucia e Rosemeire, foi um pai amigo e companheiro, um porto seguro até o fim da vida. Honesto e trabalhador, criou ambas focando em seu caráter e na educação e teve a felicidade de conhecer uma neta, Thaís.

Eronides era fã de Luiz Gonzaga e perdia-se na apreciação de louvores, especialmente aqueles tocados no estilo do Rei do Baião. Dançava, tocava uma sanfona imaginária ou até movia os braços como se regesse a música nesses momentos de júbilo musical. Era também conhecido como dono de bons conselhos para casais. Não gostava de ver separações e era procurado por pares em dificuldades matrimoniais.

Era também apaixonado pela estrada e dissertava com propriedade sobre os melhores e piores carros para viajar e sobre os gastos de combustível, apesar de não dirigir. Não esqueceu aquela viagem aos 73 anos, acompanhando um amigo até Aracaju. Escutando louvores no carro, mal viu o tempo passar. Tinha o sonho de mostrar para as filhas sua terra natal e conseguiu realizá-lo quando Rosemeire viajou para lá.

Eronides queria andar muito pelo país quando a dor na coluna melhorasse, mas o avanço da idade impediu a cirurgia necessária. Ao fim, foi seu coração que acabou determinando a partida. Depois de algumas internações e de problemas também no pulmão e rins, não resistiu a uma parada cardíaca dois dias antes do seu aniversário. Foi celebrado, agora mais perto de Deus.

Marketing Primaveras