Erenice Macedo Mendes

 
Obituário - Erenice Macedo Mendes.png

Se não houve filhos na vida de Erenice esse lugar afetivo foi ocupado pelas três dezenas de sobrinhos, filhos dos nove irmãos. Como fora uma das caçulas entre eles, alguns dos seus sobrinhos tinham quase a sua idade, foram praticamente seus irmãos também. Já outros eram como se fossem suas crianças. Para todos foi a tia da diversão, próxima e absolutamente apegada à sua família.

Chegara ainda criança com seus pais a São Paulo, vinda de Turmalina, Minas Gerais. Permaneceu com eles enquanto os irmãos iam casando e se mudando para outras casas. Erenice também chegou a se casar, ainda na década de 80, mas separou-se pouco depois e voltou para casa. 

Via-se e percebia o mundo como alguém do lar e, imersa nos serviços domésticos, nunca teve uma profissão. Eventualmente trabalhava em outras casas, por vezes até as dos próprios irmãos e irmãs, e assim foi vivendo. Não ter filhos e sentir o desejo repousado firmemente em coisas simples garantia com folga seu conforto.

Em vez de casa e carro, ambicionava eletrodomésticos. Uma nova geladeira, uma boa televisão. Certa vez comprou um som de 3 mil reais, esse sim um sonho. Porque amava a música pop internacional, os clássicos instantâneos Madonna, Michael Jackson, Phil Collins e tantos outros.

E apaixonada por esse universo sonoro, gostava de sair para dançar, ou sentar em barzinhos para ouvir música, apesar de não beber. Quem conviveu com Erenice atestava que era uma ótima companhia nesses e em outros momentos. Engraçada e espontânea, fazia rir com tiradas certeiras. Mais recentemente apaixonou-se por uma mulher e passou com ela 12 anos de vida a dois, antes de novamente separar-se.  

Convivia há anos com um problema renal, parcialmente sanado por um transplante de rim. Porém, quando o novo órgão passou a também a faltar não houve mais jeito. Erenice partia ali de uma vida levada estritamente nos seus termos. Carregando nos ouvidos o som da sua paixão e um sorriso tão seu nos lábios.

Marketing Primaveras