Selvanio Santana de Sousa

As pessoas do entorno de Selvanio gostavam dele. Fosse pela conversa fácil, pela paixão pela música de Roberto Carlos, pelo jeito expansivo, era um sujeito fácil de bater papo. Além de ter assunto para tudo também tocava um bar, lubrificante social por excelência, onde podia usar produtivamente essas qualidades para conquistar o sustento da sua família. 

A alegria sempre foi seu norte, assim como a fé. Dizia: “Sabe quem é meu pai? É Deus. Meu irmão é Jesus Cristo e a minha mãe Nossa Senhora”. Encontrava felicidade nas pequenas coisas do cotidiano e trabalhava feliz no seu bar, ganha-pão e distração, até a véspera da sua partida. 

Viera ainda criança de Ubaí, Minas Gerais, para São Paulo com nove irmãos e os pais. Sua infância, a vida de sítio e os banhos de lagoa ficaram marcados na memória. Aos 23, conheceu Zuleica. Era carteiro à época, e no espaço de dois anos namoraram, noivaram e casaram.

Foram quatro os filhos: Reinaldo, Roseli, Rafael e Regiane. Com paciência, calma e muita conversa foi o melhor pai que poderia ter sido e o melhor que poderiam ter. Tornou-se ainda segurança patrimonial antes de abrir seu bar. E se a rotina no seu negócio o levava tarde para casa quando as crianças ainda eram pequenas, dedicava-se em dobro à família no tempo livre.

Os seis netos conheceram um avô diferente. Maria Eduarda, Thiago, João Vitor, Gabriel, Anna Beatriz e Alice eram seus vizinhos de porta, moravam com suas famílias em casas no mesmo terreno. A maior alegria de Selvanio era vê-los à noite depois do trabalho. Se não estivessem por perto, ia atrás. Seu prazer era mimá-los.

Seguiu vivendo e feliz, cercado de amigos, tocando seu bar, vendo os domingos passarem ao som das canções do Rei e alimentando o sonho de voltar para o interior. Passou mal no dia do seu aniversário de 68 anos. Houve tempo para o parabéns, mas não para o bolo. Partiria no hospital no dia seguinte, sabendo ter dado o melhor de si para cada um dos seus. Sabendo sempre ter colocado a família em primeiro lugar.