José Luiz Ambrósio
José precisou conquistar a estabilidade financeira para se dedicar completamente ao que já fazia seu coração bater mais forte desde antes. Com os tempos como representante comercial para trás e com renda estável, tornou-se voluntário em tempo integral no centro espírita ao lado da sua casa. Ajudar aos outros passou a ser seu único objetivo, receptáculo de toda a sua energia.
Na casa dava aulas, fazia palestras, ajudava nos serviços gerais, nos eventos, no bazar. O centro oferecia assistência odontológica e psicológica, oficinas de arte e cestas básicas para pessoas desamparadas. José foi feliz sendo útil por lá, não aspirava a mais nada na vida além disso - a realização na máxima “quem não vive para servir, não serve para viver”.
José nasceu em Três Fronteiras, no interior do Estado, mas veio ainda jovem para São Paulo com os pais e os cinco irmãos. O prazer no futebol e nas peladas - era goleiro- perdurou desde essa época. Já o vegetarianismo surgiu depois.
Casou-se, mas o divórcio veio quando os dois filhos, Thiago e Juliana, ainda eram pequenos. José continuou vendo os dois aos domingos, e mesmo nesse tempo limitado foi um pai presente e atencioso. Levava-s para os seus jogos e também para passeios ao cinema. Mas sobretudo os trazia para sua casa.
Lá viviam seus pais, Belarmina, vó Bela, e Benedito, vô Nego, além da irmã Helena. O arranjo familiar pouco usual sobreviveu e se ampliou após a partida dos pais. O irmão João se juntou aos outros dois após também se divorciar. Nessa república fraterna cada um tinha sua função: Helena cuidava da casa, João se dedicava à cozinha, e José assumia as contas. Entendiam-se e se completavam assim.
Venceu um câncer de intestino, mas a baixa imunidade provocada pela quimioterapia que seguiu causou uma infecção generalizada. José viveu até a última gota e seguiu trabalhando no centro espírita enquanto teve condições físicas para isso. Pôde dizer ter encontrado em vida o seu propósito.