Ronaldo Alves de Assis

 
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Em um momento já ao final de sua breve vida, Ronaldo teve a sorte de ver convergir três paixões: o trabalho de motorista de van escolar, transportando crianças especiais; os bicos de mecânico na oficina que montara na garagem de casa; e sua família, curtida nas muitas horas livres. Estava na sua melhor fase profissional e pessoal, uma das épocas mais plenas de sua trajetória. E o sabia.

O caminho até ali fora um tanto longo. Desde a difícil infância com seus dois irmãos e duas irmãs por conta das frequentes brigas entre os seus pais em Guarulhos, de onde nunca mudou-se. Até o trabalho precoce, aos 15 anos, em uma oficina mecânica.

Cíntia chegara depois, conheceram-se através de amigos em comum da escola. O filho Lucas viria no início dessa história e a caçula Lara já no fim, cerca de dez anos à frente. O jeito carinhoso de Ronaldo como pai e marido ficaram na lembrança da esposa. Era comum que levasse o menino para pescar, mas também era muito apegado à filha. Uma vez por ano iam todos passear em Catanduva, e ele nunca fez mistério sobre o sonho de um dia mudar-se definitivamente para  o interior, um plano para a aposentadoria que não veio.

A parceria entre o Ronaldo e Cíntia ia além da família, porém. Quando ainda namoravam arranjou para ela um emprego no setor de expedição da metalúrgica onde trabalhava como motorista. Foram seis anos como parceiros de vida e colegas de empresa até ele tornar-se condutor de ônibus.

Seu jeito calmo e calado era a fachada de uma personalidade sempre pronta a ajudar quem quer que fosse, principalmente através de gestos. Não era incomum usar seus conhecimentos como mecânico para socorrer donos de carros quebrados na rua, por exemplo. Nunca abandonara essa vocação, por sinal. Com o tempo, a habilidade tornou-se um prazeroso hábito, para o qual reservava um tempo e um espaço em sua casa.

Sempre preocupado com o futuro e a família, recebeu com alegria a oportunidade de trabalhar em uma empresa de vans escolares, transportando crianças deficientes. Além de moralmente gratificante, era algo tranquilo e o deixava com mais tempo livre para curtir os seus em casa.

Foi por receio de faltar esse serviço que não deu importância para as dores que sentiu no peito. Falava que cuidaria da saúde nas férias, mas o infarto na veia coronária ocorreu um mês antes. Diferente de tantos, Ronaldo teve a sorte de viver a felicidade e ao mesmo tempo reconhecê-la.

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