Oneide de Toledo Mendes
A partida de Oneide, após 90 anos de vida, deixou em seu lugar algumas lições inesquecíveis para quem ficou: o cuidado, a empatia e o amor pela família. Dona de casa, dedicou toda a sua existência aos seus familiares, e ao fim foi reconhecida por isso e por muito mais.
Nascera na pequena Bariri, interior de São Paulo, mudando com os seis irmãos de fazenda em fazenda a reboque do trabalho de administrador de propriedades do pai. A rotina, mantida por duas décadas, mudou apenas quando conheceu Nelson.
Nunca mais desgrudou dele, uma relação de amor e parceria que se estenderia por nada menos que 64 anos, o alicerce sobre o qual a nova família se assentaria sob seus cuidados. O marido trabalhava com administração em lojas e até repartições públicas enquanto ela olhava pelo lar. Foi mãe carinhosa e dedicada aos quatro filhos, e uma avó e bisavó amorosa e disponível para os pequenos, disposta a tudo para agradá-los.
Gostava da casa cheia de gente, de felicidade e harmonia, do foco na alegria de estar vivo. E no prazer da partilha da comida. Oneide tinha na culinária uma grande paixão, mania e recurso para unir em torno de si as pessoas que amava. De pratos mais elaborados à deliciosa simplicidade de uma omelete, bolinho de batata ou espaguete ao alho e óleo.
Era vista como uma mulher forte e determinada, ainda que ocasionalmente teimosa. Tinha nas caminhadas outra grande distração e nos últimos anos passou também a pintar e a desenhar. Alimentava então um grande sonho: reencontrar Nelson após a partida dele há seis anos para matar a saudade, calar a falta que sentia do amor da sua vida.
A natureza resiliente e carinhosa de Oneide resistiu incólume às dificuldades impostas pela saúde nos últimos tempos. Como recompensa, a chance do reencontro com Nelson agora sabedora da missão cumprida no cuidado à família. Consciente do bem feito, dos corações tocados.