Maria Pereira da Silva

 
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A vida de Maria teve um antes e um depois, separados pela perda. Entre a rotina dura sob o forte sol da roça no interior de Minas Gerais e a aridez concreta de São Paulo, a despedida precoce da primogênita, Lúcia, com apenas 29 anos, já havia mudado tudo de lugar dentro de si. 

Foram sete os filhos com o marido, Osvaldo, também ele lavrador como ela: Lúcia, Vanderlei, José, Reginaldo, Audeir, Claudinei e Márcio. Para eles foi mãe dedicada, sem medir esforços para dar o melhor que pudesse. Buscou lhes propiciar uma infância diferente da sua, espremida entre os primeiros dias e a necessidade premente do trabalho braçal. 

Tudo mudou após a inesperada perda da primeira filha, Lúcia. Foi como se um furacão tivesse se abatido sobre a sua vida. Quando tudo enfim serenou, Maria já não era mais a mesma. E assim, carregando dentro de si a dor que não mais lhe abandonaria até o fim da vida, embarcou em um ônibus rumo a São Paulo. Passaria o resto dos dias ao lado dos outros seis filhos, já moradores da cidade. 

Nos anos seguintes não esqueceu um aniversário sequer dos 10 netos que viriam. Ótima avó, dessas que acolhem sem esforço, alegraria-se com a caminhada de todos: Raquel, Thiago, Wericlis, Matheus, Daphiny, Victor Hugo, Erik, Suelen, Maikon, e Nicolas. 

Mesmo com todas as dificuldades, preservou o sorriso a iluminar o rosto e o jeito amoroso a aquecer o coração. E dispensava conversas e conselhos para quem precisava, sublimando ali a própria dor. Nas horas tranquilas, divertia-se com os programas do Silvio Santos. 

Até que o peso se revelou grande demais. Fragilizada pela dor e pela pressão alta e diabetes, Maria superou dois derrames, mas não uma úlcera causada pelos remédios de uso contínuo. Forte, ainda encararia uma cirurgia no estômago. Foi uma infecção hospitalar no pós-operatório que a levou enfim. Em vida, experimentara o sofrimento levado ao paroxismo e ainda teve forças para sorrir. Agora pode enfim descansar.

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