Maria Annunziata Vidella

 
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A maior qualidade de Maria era a fé inabalável no Criador e na vida. E também não permitir que essa mesma fé a deixasse passiva em relação à luta cotidiana, sua e dos outros. Espírita como sua família, dava do seu tempo à caridade, ajudando sempre que podia. Na esteira dos seus passos deixou lições sobre força e resiliência, sobre contentamento  e amor.

Nasceu quando seus pais trocavam a arrasada Itália do pós-guerra pela promessa de trabalho e de estabilidade no Brasil. A mãe, Lucrézia, trabalhava como costureira, o pai, Giácomo, como barbeiro. Maria cresceu feliz com seus três irmãos na humildade daquele lar onde não havia fartura, mas também não havia fome. 

À época, era comum às famílias de imigrantes da Mooca dividir a mesma casa. Com eles viviam outro casal e seus dois filhos. Mesmo após a situação no lar melhorar, seguiram todos juntos. Só separaram-se quando os filhos começaram a casar.

Maria conheceu Henrique também no bairro, ele era descendente de italianos como ela, e os dois tinham amigos em comum. Casou-se cedo, aos 21, e passou a cuidar da casa enquanto ele trabalhava como gerente em uma recauchutagem de pneus. Foram três os filhos: Paulo Henrique, Cristiane Isabel e Luciane. O menino se foi ainda bebê, e a caçula aos 11. Precisou recorrer à força que carregava em si para resistir a esses baques.

Porque era uma boa mãe, cuidava de tudo. Acompanhava na escola e fez o que fosse por suas crianças. De pequenos favores às comidas favoritas. O sangue italiano se manifestava com mais força nesses momento. A elogiada massa com molho de tomate com carne e a torta de palmito são inesquecíveis.

Maria era reservada como Henrique, mas a casa deles era sempre movimentada por familiares e amigos. Viviam bem nessa harmonia, ele era músico nas horas vagas e ela distraía-se pintando e fazendo crochê. No vagar do tempo, sonhava com a vila italiana onde nasceu, logo antes de vir para o Brasil. Dizia a si mesma que se fosse mais jovem teria viajado até lá.

Venceu um câncer de mama, mas quatro anos depois descobriu tarde demais que a doença havia regressado a outros órgãos e já estava em fase terminal. Maria partiu uma semana depois, deixando como testemunho a sua fé e a sua força.

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