Dahir Ferreira Rinaldi
“A pessoa é para o que nasce”, decreta a sabedoria popular. Dahir nasceu para cuidar. Começou olhando pelos seis irmãos mais novos quando os trouxe do interior para São Paulo, jovem e recém-casada com Renato. Na cidade grande cuidava da casa, o início de uma rotina a dois que se estenderia por 76 anos da vida de ambos.
O marido tinha uma pequena loja, inviabilizada com a chegada das grandes magazines. Mas seu plano B, construindo casas na Praia Grande, sustentou bem a família que viria. Foram três filhos: Deodato, Claudio e Sueli. Dahir dedicou-se a elas, mas não só - foi mãe até dos genros e noras. Juraci, a jovem babá das suas crianças, cresceu com eles e tornou-se também ela parte da família.
Dahir era atenta às coisas que as pessoas ao seu redor precisavam e gostava de dar um rumo para elas. Queria que pensassem no futuro, estudassem, cuidassem das suas famílias. E acima de tudo levassem a vida com honestidade, perseverança, força de vontade e caráter.
Sentia-se bem em movimento. Fosse na animação da casa cheia, da festa, das visitas, fosse mudando-se. Só nas últimas cinco décadas, foram cinco endereços diferentes em quatro cidades. Das interioranas Americana e Ibiúna às areias de Praia Grande. Ficava estimulada com as mudanças porque gostava de novidade. E cada novo lar era desculpa para chamar os filhos para ajudar e reunir a família em torno de si, quem sabe presentear alguma peça de tricô que produzira.
Apesar de muito extrovertida carregava também um gênio forte, inflexível por vezes nas vontades, mas ainda assim divertido. Gostava de dançar, de tomar ae próximos. E foi bisavó q anos arrancou a sonda, como fazia ocasionalmente, mas dessa vez não voltou mais da internação que se seguiu. Deixou a memória de uma pessoa focada nas coisas realmente importantes da vida.