Antonio Aparecido Piassentini

 
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A infância de Antonio foi ao mesmo passo sofrida e idílica. A vida de escassez e de necessidade contrastava com as tardes empinando pipa na rua com os três irmãos, subindo em árvores para pegar frutas e correndo pelas ruas da Penha para comprar picolé quando a mãe, Catarina, lhe dava um trocado. Ela ajudava o marido, João, no carrinho de pipoca e chegou a trabalhar até o dia em que deu à luz o menino.

Não demorou muito até conhecer Navínia, sua esposa. O amor teria que esperar, porém: tinham apenas nove anos. Antonio sabia-se apaixonado por ela, mas suas infantis propostas de casamento eram recebidas com negação e choro. Namoro mesmo só na adolescência.

Foram felizes e construíram uma casa juntos quando ela finalmente se rendeu àquele amor. Para as filhas, Tatiane e Fabiane, foi um bom pai, ainda que fechado. E esforçava-se para dar às três mulheres da sua vida o melhor. Sua esposa não trabalharia fora por insistência sua, para cuidar da casa e das meninas.

Sustentava a todas com o serviço de funileiro, seu ganha-pão dos 15 anos de idade até a aposentadoria. Talentoso e empreendedor, aos 19 já era dono da própria oficina. Amava o trabalho e manteve-se produtivo e presente em casa mesmo quando enfrentou um período de alcoolismo.

Seus prazeres sempre foram a cervejinha ao som do samba de Martinho da Vila e Agepê, ou de música sertaneja. Apaixonado pelos animais, mantinha muitos passarinhos em sua oficina e em casa. Os cachorros também eram capazes de lhe arrancar sorrisos. No dia a dia entre os carros de sua oficina, alimentou o sonho não realizado de sentir o vento no rosto a bordo de uma moto grande, tipo Harley Davidson.

Antonio não era de se abater facilmente, mesmo em meio à dificuldade extrema. Foi assim quando precisou amputar parte da perna após ter uma artéria entupida. Já havia operado, mas não observara o tratamento posterior. A volta para casa após esse baque e a disposição de enfrentar a nova situação marcou suas filhas para sempre. Continuaria com pensamento positivo. 

Faleceu tranquilamente dormindo, na véspera de Natal. Tivera um infarto horas depois de visitar as duas. Deixou importantes lições para trás, e a determinação de nunca se entregar.

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