Martins Alves dos Santos

Martins foi firme em vida. Soube desde sempre a diferença entre o certo e o errado e pautou seu caminho nessa certeza, mesmo sob o risco de parecer duro demais. Assim trabalhou e construiu uma família numerosa, de quem tinha orgulho.

A infância e o início da vida adulta em Aquidauana, no Mato Grosso, foram simples. Mas com o trabalho dos pais na roça encontrou tempo para ser uma criança inteligente e travessa ao lado dos muitos irmãos.

Lourdes, companheira de vida, conhecia desde criança porque as famílias eram amigas. Casados tiveram uma boa relação e três filhos no Mato Grosso antes da vinda em definitivo para São Paulo, onde mais seis crianças nasceram. Para elas foi um pai excelente.

Se antes trabalhava na roça, conduzindo carroças, na cidade grande empregou-se em algumas empresas e fez carreira como cobrador de ônibus. Lourdes trabalhava em casa, cuidando do lar e das crianças.

Nunca fora de hobbies, seu negócio era o trabalho. Mas jovem tocava sanfona em festas e comemorações nas casas das pessoas. Ia onde o chamassem. Seguiu tocando sozinho no seu lar durante a vida, mas nenhum dos filhou compartilhava com ele esse amor pela música.

Teve mais de 20 netos. Bisnetos foram 14. Martins era tão firme no seu próprio jeito de existir no mundo que foi com os pequenos da mesma maneira que foi como pai, rígido, mas bondoso.

Seu sonho de enfim levar a Mega-Sena ficou no campo do desejo. Partiu aos poucos levado pelas complicações de um AVC e dos seis subsequentes anos de cama. Martins escolheu e trilhou o próprio caminho.