Dirce Naldi Rubio

 
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Dirce era vista como uma heroína pelos seus filhos e não foi por menos. Encarou de frente tempos difíceis olhando pelas suas três crianças, lavando e passando para fora e limpando a casa dos vizinhos. Precisou ser mãe e pai para, à sua maneira, compensar a ausência do marido. À época, Almiro ainda não havia vencido o alcoolismo.

O trabalho duro não era estranho para ela, afinal cresceu trabalhando na roça, no interior do Paraná, com seus dois irmãos e uma irmã. Já em São Paulo seguiu no batente em uma tecelagem. A vida de emprego cessou após o casamento com Almiro, dono de um ferro-velho e depois motorista de ônibus de excursão. Já a vida na labuta não terminaria tão cedo.

Foi mãe de Elisabete e depois de Vanderlei e Sibeli. Mas a primogênita, portadora de Síndrome de Down, sempre foi sua maior preocupação. Pensava o tempo todo na menina e sofria com a perspectiva de um dia não estar mais perto para cuidar dela.

Teve ainda a sorte de ver o marido recuperado, após o casamento de Sibeli, longe do álcool e revelando-se um pai presente e um ótimo marido. Naqueles bons tempos passearam, visitaram o filho em Ouro Fino - e depois na casa comprada pela caçula na mesma cidade - e acompanharam a chegada de cinco netos e três bisnetos. Dirce sentia-se bem comprando novidades para o seu lar: TV, sofá, fogão. Era uma das suas distrações.

Fez-se noite com a chegada da depressão. Naturalmente mais calada, Dirce se fechou por completo. Se antes demonstrava carinho com facilidade, tornou-se mais seca no trato, até com os netos. Conversava, mas não ficava agradando. 

Precisou mudar um pouco a contragosto para a casa de Sibeli no início da pandemia de Covid-19. Até então vivia sozinha com Elisabete depois da partida do marido. Mas a depressão agravou-se e, depois de três internações e de uma piora rápida em seu quadro, contraiu uma embolia pulmonar. Chegou a ter alta do hospital na véspera de seu falecimento, um último respiro antes de ir. Lutara o suficiente, era chegada a hora de descansar.

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