Claudete Loureiro

 
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Claudete escapou da morte por pouco aos 15 anos, quando sofreu um acidente de carro. Superou o coma, mas como sequela conviveu com a epilepsia até o fim da vida. Longe de se limitar, conseguiu com remédios não só controlar como transcender a sua condição. E cuidar de quem amou de maneira abnegada.

Fora a caçula de sete irmãos no Tatuapé, mimada pela mãe, Sofia, primeiro por ser a mais nova e depois pro conta do ocorrido. Com a viuvez precoce da mãe os papéis se inverteram, Claudete olharia por Sofia até o fim. Começou trazendo-a para morar consigo ao casar com o marido, Valdomiro. Foram dois os filhos, Márcia e Marcelo, e a família se mudou para Penha e depois para Itaquaquecetuba.

Em uma história de paralelos, ficaria também ela viúva cedo, quando o marido, manobrista de trens, foi atropelado aos 31 anos por uma composição em uma noite de neblina. E Márcia por sua vez seguiria os seus passos, casando e se mudando para uma casa no mesmo terreno para ficar perto da mãe e da avó.

Claudete foi uma mãe presente e amiga e gostava de curtir com os filhos, nem que fosse em uma festa dançando até o chão. “Foi um privilégio Deus ter posto ela na minha vida”, conta a filha, Márcia. Nascera mesmo para o cuidado aos outros e quando a irmã Elizabete veio passar uns dias na sua casa após se separar foi também prontamente acolhida sob sua asa.

Tanta dedicação significava pouco tempo para si. O respiro existia nas visitas à casa da irmã Marlene, em Itapevi. Lá encontrava primos e sobrinhos, ia ao shopping e conseguia passar. Apesar de ter sido sempre dona de casa, atarefada nas muitas responsabilidades e cuidados, não perdia também a chance de sair. 

Teve cinco netos e duas bisnetas. Com eles foi ainda mais paciente e carinhosa, liberta dos deveres e das inseguranças inerentes à natureza de mãe. Encontrou como avó e bisavó um caminho mais desimpedido para a o fluxo do seu afeto. E não deixava faltar nada para os filhos e netos, nem que fosse para ficar sem um real. 

Há uma década operou um tumor no intestino e precisou retirar a metade. Ficou debilitada, mas sempre lutou pela vida, um sorriso sem tristeza no rosto. E queria carinho e presença quando se esquecia de si.

Foi levada por um câncer em poucos dias. Em sua passagem rápida pelo mundo deixou marcas visíveis de amor, alegria, e de luz.

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