Alicia Maria de Oliveira Menezes

 
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Quando perguntado se Alicia era sua filha, Aguinaldo, a voz embargada, deu uma resposta contundente: “Era não, será para sempre!”. Acometida por uma trombofilia pulmonar, quase que da noite para o dia, ela deixou o pai, a mãe, Adriana, e o irmão, Arthur, após pouco mais de 21 anos de uma convivência tranquila e de muito amor.

O nascimento de Alicia Maria foi uma benção na vida do casal Aguinaldo e Adriana. Poucos anos antes, haviam perdido o primeiro filho antes que ele pudesse respirar ares terrenos. Entretanto, a nova felicidade era balançada por recorrentes preocupações. Isso porque a bebê nasceu com problemas pulmonares, uma má formação constatada ainda na gestação.

Os quatro primeiros anos de vida da pequena foram marcados por frequentes visitas ao hospital. Com a dedicação dos pais e profissionais da saúde, conseguiu desenvolver-se de forma saudável. Ficaram apenas sequelas na perna, inchaços ocasionais causados por uma insuficiência linfática.

Mas Alicia nem se abalava, acostumou-se com a condição. Já os pais assustavam-se toda vez ao ver seu estado agravado. Preocupados, pediam descanso, ela nem dava ouvidos. “Queria viver”, conta Aguinaldo. E vivia. Carregando o sorriso, sua marca registrada, não era de ficar parada; adorava sair com os amigos e cantar e dançar com a mãe — não são poucos os vídeos das performances das duas.

O pai, porém, sabia como prendê-la ao sofá de casa: um pote de sorvete e um bom filme. “Qualquer sabor, se fosse sorvete, ela adorava”, conta rindo. Juntos, costumavam assistir a comédias românticas — ambos emocionavam-se e choravam. Alicia também amava séries e longas-metragens sobre vampiros, como a saga “Crepúsculo” ou “The Vampire Diaries”. Contudo, morria de medo. O pai esperava o momento de maior concentração dela para assustá-la. Mesmo acostumada com as brincadeiras de Aguinaldo, ria sempre.

Outra grande paixão de sua vida era a faculdade de Farmácia — estava prestes a concluir o curso. A orientação do pai para cursar essa faculdade e não Fisioterapia fora melhor para ela. Antes mesmo de formada, já estava empregada. Trabalhava em uma farmácia como atendente. “A empresa queria investir nela”, conta o pai orgulhoso. 

Por ironia, foi dentro do estabelecimento que se deu o início do seu fim de sua caminhada. Ao estender o braço para pegar um pacote de fraldas, sentiu uma dor intensa. Teve de sair mais cedo do trabalho, pois o desconforto insistiu em ficar. Depois tudo aconteceu muito rápido: casa, ambulância, UTI. Não resistiu. Agora, o rosto sorridente de Alicia aparece nos sonhos do pai ou nas memórias da família, ecos de tempos felizes.

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