Vitor Henrique da Silva

 
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A Vitor foi dada a chance de compreender que a vida é um sopro raro e valioso, e que nunca é tarde para vivê-la com o máximo de amor e de afeto. Seu jeito outrora rígido e fechado deu lugar a uma personalidade acolhedora e extremamente ligada à sua família. Não passaria mais um dia sequer sem deixar transparecer os sentimentos profundos que sempre o moveram. Não passaria mais um dia resistindo à entrega exigida pelo amor.

Já experimentara essa sensação antes, é verdade, ao apaixonar-se por Jacira, filha da Benedito, dono da olaria onde trabalhava em São Paulo. Já havia deixado para trás uma infância simples em São Sebastião da Bela Vista, Minas Gerais, e passado anos dando duro em São José dos Campos. Depois de um tempo de namoro casaram-se, ele com 22 anos e ela com 15. O patrão, e agora também sogro, foi contra. Queria que esperassem mais e nem apareceu na cerimônia.

Benedito manteve-se perto, porém. E até comprou um terreno para o lar do casal e também para Vanda e Celso, os dois filhos que viriam após o primogênito não ter sobrevivido. Vitor trabalhava de dia na empresa Badoni, onde entrou como ajudante geral e cresceu até se aposentar, e à noite construía a casa da nova família.

Sempre fora muito responsável e atento às necessidades deles. Tanto que sequer tinha tempo pra dar carinho para os filhos. Mesmo aposentado seguiu trabalhando como caminhoneiro e porteiro, sustentar todos era desde sempre a prioridade.

O jeito preocupado, ainda que um pouco seco, trazia de berço. Um dos mais velhos entre 10 filhos, e desde sempre cuidara das suas irmãs mais novas. Não recebeu muito amor quando mais novo, mais velho aprendeu a dar. Foi um câncer que o ensinou a importância de deixar o coração falar. Se safou do susto, mas dele emergiu mudado.

Percebera ali o quanto podia contar com a família e sentiu na pele o amor e os cuidados. A dureza com os filhos foi amolecendo até virar memória. Guarda baixa, sua alegria era estar com os seus, reuni-los em comemorações, assar churrascos, ou quem sabe fazer um pequeno reparo no lar.

Sentia-se plenamente feliz na companhia das quatro netas, Vivian, Andréia, Patrícia e Cristina, que viu encaminhadas e casadas. O sonho de ter bisnetos também foi realizado com a chegada de Matheus, Giovanna e Beatriz.

Foi a diabetes a responsável por lhe prostrar no fim. Já debilitado, dizia que a vida era boa de qualquer jeito, sem sequer reclamar mesmo na dor. E quando mal tinha forças para falar, a presença das netas e bisnetos era o suficiente para lhe botar um sorriso no rosto. Partiu em casa, cercado pela família até o último minuto. Valente como sempre, amado e amando como nunca.

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