Valdemar de Carvalho

 
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Valdemar fundou o bairro onde viveu boa parte da vida. Na Praça 8, em Guraulhos, era figura fácil, sempre contando histórias ou falando de política com quem passava à sua porta. O jeito com as crianças e a disposição de estender a mão a quem precisava transformaram-lhe em uma referência de sujeito amigo e prestativo por lá. Assim era a sua índole.

Crescera em um lar com poucos recursos na região rural da cidade. Seu pai, Francisco, viera ainda pequeno de Portugal e trabalhava em um sítio arrendado enquanto sua mãe, Palmira, cuidava da casa e dos filhos. A interromper essa dinâmica familiar, o serviço militar na Aeronáutica, em Caçapava. Valdemar guardou fotos e nunca esqueceu esse período, descascando batata atrás de batata na cozinha da base aérea.

De volta à casa, casou-se cedo com Gertrudes, quatro anos mais velha. O amor deles gerou cinco filhos: Renato, Ricardo, Roberto, Akerli e Rodinei. Ainda adotariam um sexto, Osvaldo, chamado de Júnior. Pai amoroso e preocupado, dava-lhe alegria ter a casa cheia de crianças e participar da vida delas.

Retrato de outras épocas, trabalhou a vida inteira na mesma empresa até aposentar-se por lá. Já a esposa deu duro como empregada doméstica em casas de família. Tudo o que fosse necessário para sustentar e manter a família unida, o maior prazer de Valdemar. E depois de crescidos, qualquer motivo para reunir os filhos era válido.

A sua casa era a primeira a ser considerada para os churrascos com todos juntos e agradava-lhe muito que fosse sempre assim. Entre os seus realizou seus sonhos como pai, mas também como pessoa. Sua família era aquilo que mais quis em vida.

Caseiro, não gostava de sair a não ser que fosse um convite para ir pescar. Amava as tardes silenciosas nos pesqueiros próximos, a calma quebrada apenas pelo pico de adrenalina ao sentir o peixe na linha. E foi voltando feliz de um desses passeios que teve um mal súbito.

As complicações de uma febre de origem desconhecida deram lugar a uma infecção generalizada e paradas cardíacas. Valdemar não resistiu após 80 anos bem vividos, tempo no qual dedicou-se de corpo e alma à construção desse grande sonho a animar seu corpo: construir e manter unida uma bela família.

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